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O paradoxo entre a música e o ritmo da sua empresa
A música faz parte de nossas vidas de uma forma tão constante que chega a ser quase imperceptível – ela está incorporada de uma forma tão constante e intensa, que muitas vezes nem nos damos conta de sua presença. Para algumas pessoas essa relaçã
A música faz parte de nossas vidas de uma forma tão constante que chega a ser quase imperceptível – ela está incorporada de uma forma tão constante e intensa, que muitas vezes nem nos damos conta de sua presença. Para algumas pessoas essa relação com a música é mais íntima e tem uma configuração quase que de dependência.
O fato é que o impacto da música em nossas vidas, nosso estado de espírito, ânimo e nossa disposição para o trabalho e para encarar desafios é objeto de estudos por cientistas ligados ao estudo do cérebro.
Alguns aspectos da relação da música e nossa percepção dela – a sua leitura e interpretação pelo nosso cérebro – ainda permanecem um mistério. Por qual motivo as músicas lentas nos acalmam e as de ritmo mais intenso nos estimulam? Por que as canções em tons menores nos levam à tristeza e à melancolia e as canções em tons maiores nos enchem de alegria? Aliás, para os ouvidos dos leigos, como eles assimilam essa percepção se nem sabem diferenciar os tons musicais? Mas o fato é que o impacto é inegável.
Algumas empresas já incorporaram a música como ferramenta de gestão. Os escritórios do Facebook, de Mark Zuckerberg – o jovem bilionário da internet – tem uma trilha sonora que vai muito além da simples música ambiente. Existe um DJ contratado para monitorar o desempenho, o estado de ânimo e motivação dos funcionários.
Mas, além desse aproveitamento quase óbvio, existe mais o que se aprender ou aproveitar com a música? A resposta é surpreendente para alguns, mas o mercado, a gestão e o empreendedorismo do mercado musical têm muito a ensinar. Desde a gestão – processos e planejamento –, até o trabalho em equipe e liderança, o mercado da música é farto de exemplos e ensinamentos.
Historicamente se tem a ideia que a música – seu mercado e suas relações – é dominada pela informalidade e por processos que pouco ou quase nada evoluíram com o passar do tempo. Excetuando o avanço tecnológico das gravações e armazenamento de arquivos de áudio, é bem verdade que em algum momento o show business foi regido por instintos e especulações sem nenhum embasamento teórico. A sensação que se tinha era a de que se gastava muito mais do que se ganhava mas ninguém parecia se importar com isso. A fonte de recursos era inesgotável! Com a pirataria e o download de arquivos de áudio na internet tudo isso mudou. O castelo ruiu.
A saída foi a busca urgente por uma gestão enxuta e com resultados imediatos. As gravadoras passaram a ganhar pouco e gastar menos ainda. Oshow businessfoi aprender com os outros mercados e áreas de atuação como salvar o seu negócio. A ideia que se instaura nos dias de hoje é a de que esse aprendizado acabou se tornando uma via de mão dupla. Isso não significa que toda aquela informalidade tivesse algo a ensinar – pelo contrário.
A partir da necessidade se descobriu que a música sempre se utilizou de critérios, princípios e definições que nada mais eram do que verdadeiros espelhos da relação entre vida e arte. As estratégias e soluções do “meio musical” passam por conceitos aparentemente simples e que – em função da nossa proximidade com a música, citada no início – estariam ao alcance da compreensão de qualquer um. Ou seja, alguém que não seja músico, nem mesmo cantor de karaokê, poderia compreender a lógica que se encerra nas estratégias musicais. E mais! O passo seguinte seria a aplicação dessas estratégias, princípios e soluções ao seu próprio mercado ou campo de atuação.
Há cerca de três anos criei – depois de larga pesquisa – uma apresentação que chamo de workshop onde essa linha de pensamento é apresentada e colocada ao alcance de todos que a assistem. No decorrer da apresentação são propostos exercícios onde se pode aplicar a troca de abordagens dentro do próprio ambiente de trabalho. São exercícios de imaginação, de estímulo sensorial e de busca de identidade a partir de novos parâmetros. Nada que se confunda com o apelo “motivacional” que muitas vezes é efêmero e superficial.
A oferta é de um conteúdo consistente e o seu resultado, mais profundo e duradouro – como deve ser todo o eficiente estímulo à reflexão. Resultados que ambicionam muito mais do que apenas uma hora e meia de simples troca de experiências. É fácil perceber que a linguagem musical torna mais fácil a quebra de alguns paradigmas e a fuga de soluções viciadas e conservadoras. Por isso mesmo, o workshop tem como subtítulo: soluções criativas.
Percorremos diferentes estilos musicais expondo suas particularidades de um modo que cada um possa aplicá-las ao seu próprio ambiente de trabalho. Dessa forma, pode-se experimentar uma nova visão desse ambiente e do seu papel dentro dele. E se cada um fosse um músico, componente de uma banda ou uma orquestra, qual seria o paralelo com sua função dentro de sua empresa?
Assim, o ambiente de trabalho – incluindo as pessoas que o compõe – ganha um olhar moderno e diferenciado. Naturalmente – e quase que por instinto – a aplicação desses conceitos já resulta em novas e criativas soluções para a condução de estratégias e do seu próprio dia-a-dia.
*Thedy Corrêa é músico e vocalista da banda de rock “Nenhum de Nós” e palestrante da Insperiência, em que traz o paradoxo que o cantor expõe entre o mundo musical e as organizações contemporâneas sobre soluções criativas.